Vício Nativo [27062010]
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É mesmo um grande martírio
Postar-me na horizontal
Para dormir nestes tempos
Que se forma um temporal,
Pois quando esse tempo muda
Quase viro um animal:
As minhas entranhas queimam,
Vem um fervor colossal.
É como um vício que ataca,
E esse não ter me faz mal.
Mas que produto é esse
Que abranda o meu calor?
Quando tenho me preenche,
Se não tenho dá pavor.
Eu me zango e chuto a porta
Pra acalmar esse fervor,
Viro felino que espreita,
– Fique longe, por favor!
A menos que se disponha
A amenizar meu furor.
Sou como um lobisomem
Que muda co’a lua cheia.
Ou como a Cinderela:
Meia-noite já está feia.
Assim, quando forma chuva
A ânsia me estufa a veia,
E à caça desse produto
Saio em busca para ceia.
Lanço logo o meu visgo
E atraio pra minha teia.
Se entrar como tira-gosto
Pra após saciar do prato,
Corro o risco de a demora
Pinchar um destino ingrato:
Escapar-me o banquete
Como o queijo perdeu o rato.
Se lá fora firma o tempo,
Olha como vai ser chato:
O vento leva o tempero,
Me escapa a caça pro mato.
Se esse tempo melhora
O meu apetite some,
Mas o meu petisco em fuga
Tem nome e tem sobrenome.
Se eu não ceei direito,
Ah, ele saiu com fome:
Se um não prova do doce,
O outro também não come.
Pode ser que o piquenique
Um dia a gente retome.
Comprei o livro dos bruxos,
E já falei com o pajé,
Busquei longe um pai-de-santo,
Pomba-gira e candomblé,
Curandeiro… joguei búzios,
Já mandei o meu Axé.
Mandinga na encruzilhada,
Pratico com muita fé.
Tô ‘prendendo a fazer chuva,
Que um pingo caiu até.
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