PONTO G

PONTO G

[Cenário: 24.04.2010]

 

A gralha gorjeia grata,

Golpeia e deixa gangrena

No gume da guilhotina.

Gira a gazela e graceja,

O garanhão e seu gene,

Garimpa com gelatina.

 

Gemidos, gritos, ganância,

Geram goles, gota a gota:

Gel na gula da garganta.

Na garupa da garota

Faz gosto um galopar glúteo

Que a um outro gozo garanta.

 

Instinto que arrasta

Pro quarto vazio,

Latejos que pulsam,

Desejo de ter,

Odores no éter

Qual fêmea no cio,

Pancadas no peito,

Impossível conter.

 

A um passo do tudo

Sobra um calafrio.

A mão que tateia

Busca o ponto G.

Restou desse toque

Só um arrepio

Contra a natureza:

Nem eu, nem você.

 

Coração pulsando,

Socando, batendo.

E no meu pescoço

Teus braços envoltos.

Teu peito em meu peito

Premidos, querendo.

Tua mão leva a minha

A abissais revoltos,

 

Ao furor intenso:

Vulcões derretendo.

Moldei com as mãos

Os relevos, a gruta.

Um vento inimigo

Outra porta rangendo,

Me expulsa do Éden

Sem provar da fruta.

 

No meu leito impaciente,

Qual divã de eterna espera,

Jorra a lava incandescente

Que se perdeu da cratera.

Derreti-me caudaloso:

Delírio da psiquê,

Deixou o meu mel gostoso

D’untar-se ao teu ponto G.

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Author: Roberto Oliveira Hermesdorff

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